R$ 50 bilhões de motivos para investir em Bitcoin
No mundo das remessas urgentes de R$ 50 bilhões, das econômicas dilapidadas por impressões trilionárias e da digitalização das economias, a concepção do Bitcoin como um ouro digital pode impulsionar o mercado.
O assunto do domingo no Brasil foi os R$ 50 bilhões enviados por família de São Paulo para o exterior. As especulações sobre o dono da fortuna que adicionou R$ 2 bilhões ao Governo de São Paulo através do imposto de transmissão (ITCMD) pago pela ordem levantaram inúmeras muitas questões sobre a economia brasileira.
A disposição à remessa bilionária com a taxa de câmbio no nível nominal mais baixo da história é quase um veredito sobre a saúde do real. Mas os R$ 50 bilhões também podem dizem muito sobre o mercado de criptomoedas.
A primeira coisa que salta aos olhos quando pensamos no mercado de criptomoedas a partir da notícia é a evidência de que o Bitcoin ainda é um peixe muito pequeno, em um lado muito grande. A capitalização do mercado de criptomoedas hoje é cerca de US$ 362 bilhões. Mesmo na máxima histórica do mercado, seu valor era de menos de US$ 1 trilhão. A máxima brasileira foi de R$ 2,6 bilhões na cotação da época e seria atualmente de R$ 4,6 trilhões no real dilapidado.
Existem muitos fundos no mundo que poderiam comprar todo o setor de criptomoedas. O ponto é, mesmo se a tecnologia do Bitcoin pudesse adicionar valor à transação, em questão de custos de taxas ou velocidade na remessa, o mercado teria muita dificuldade em liquidar a ordem dos R$ 50 bilhões.
Na últimas 24 horas, o mercado inteiro de criptomoedas movimentou R$ 350 bilhões. Isso é três ordens de magnitude menor do que o que é negociado no mercado de câmbio. O valor pode ser ainda menor se a métrica adotada não considerar as moedas perdidas e inoperantes e substituirmos o marketcap pelo realized-cap para mensurar o mercado. Ou seja, um peixinho.
Mas as criptomoedas são um fenômeno monetário e tecnologico emergente muito diferente de tudo que existe no mercado. E olhar para o futuro pode ser mais interessante do que ficar preso ao presente. O que motiva a transação de R$ 50 bilhões com o pior cambio da história talvez seja exatamente o que vai desbloquear o potêncial do Bitcoin no longo prazo e elevar o setor para o patamar dos trilhões de dólares.
Narrativas do Bitcoin
Um dos conflitos mais duradouros da comunidade cripto é sobre a natureza ontológica do Bitcoin. O que é o Bitcoin? Pra que ele serve? O que ele deve se tornar?
Visões mutualmente excludentes convivem com visões complementares criadas e modificadas a partir de inovações tecnologicas, regulamentações e eventos inesperados.
Cada uma das narrativas é representada e defendida por um grupo com evidências e cenários específico. Nic Carter selecionou 7 narrativas-chaves sobre o que é o Bitcoin e o que ele deve se tornar. Para o co-fundador do Coinmetrics, o Bitcoin é principalmente visto como:
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Prova de conceito de dinheiro digital
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Rede de pagamentos p2p barata
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Ouro digital resistente à censura
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Moeda darknet privada e anônima
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Moeda reserva para indústria de criptomoedas
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Banco de dados programável compartilhado
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Ativo financeiro não correlacionado
O que fica claro com o gráfico é que as narrativas são dinâmicas. A questão aqui é, o que o caso dos R$ 50 bilhões pode dizer sobre o futuro do Bitcoin e as potenciais narrativas?
O Bitcoin como uma reserva de valor: o hedge da inflação
A transferência bilionária para o exterior com taxa de câmbio atual e os R$ 2 bilhoes de imposto é uma medida urgente para um futuro morimbundo. É mais interessante perder uma fortuna hoje do que perder tudo com a inflação brasileira.
Atualmente, as economias adiam seu post mortem com estímulos monetários trilionários e inflações monstruosas. Enquanto isso, o Bitcoin caminha entre os mortos, mas na contramão, reduzindo sua emissão enquanto a festa do quantitative tightening reina.
Escasso e sem fronteira, o Bitcoin é um ótimo pretendente para funcionar como uma reserva de valor, principalmente para economias como a brasileira. O real desvalorizou 40% em 2020 frente ao dólar, ficando atrás inclusive do peso argentino. Ao mesmo tempo, o Bitcoin foi considerado o melhor investimento dos últimos dois anos, acumulando uma rentabilidade de mais de 120%. O que significaria para o Bitcoin, se a narrativa da reserva de valor continuar a ganhar força?
A capitalização do mercado do ouro é de ~ US$ 10 trilhões. Se a escassez do Bitcoin e sua segurança capturar 10% desse mercado, a capitalização do mercado seria de US$ 1.3 trilhões. Nesse cenário, cada unidade de Bitcoin valeria ~ US$ 71.000,00.
O Bitcoin como uma rede de pagamentos barata
Mas não é em termos de reseva de valor que o Bitcoin que a notícia mobiliza pensamentos. Apesar da possível falta de liquidez para uma transação de R$ 50 bilhões, o Bitcoin é uma rede de pagamentos capaz de facilitar e baratear o processo de remessa internacional. O que aconteceria com o Bitcoin no cenário hipotético da narrativa da rede de pagamentos?
O mercado de remessas internacionais arrecadou US$ $550 bilhões em 2019. De acordo com projeções da Allied Market Research, o número deve chegar a US$ 900 bilhões em 2026. Se o Bitcoin absorvesse 25% desse mercado, cada unidade e Bitcoin valeria em 2026 ~ US$40.000. Atualmente, a XRP, moeda que tem se destacado nos notícias quando a questão é remessa, tem uma capitalização de US$ 11 bilhões.
Os 50 bilhões de motivos
A questão aqui é que o mercado de criptomoedas ainda tem um grande potencial de crescimento e há inúmeras narrativas capazes de adicionar bilhões ao mercado. No mundo das remessas urgentes de R$ 50 bilhões, das econômicas dilapidadas por impressões trilionárias e da digitalização das economias, a concepção do bitcoin como um ouro digital e uma rede p2p pode ganhar cada vez mais influência e impulsionar o mercado.
Se somados, os cenários da reserva de valor e da rede p2p, em menos de 6 anos, a unidade do Bitcoin pode valer mais de US$ 100.000,00.
Mas existe algo além. No passado, a questão da privacidade tinha grande apelo no mercado. Na medida em que as criptomoedas ganharam destaque, sua representação como um novo ativo descorrelacionados chamou atenção de investidores institucionais que buscavam formas de se expor ao Bitcoin. A realidade e as narrativas são dinâmicas e essa flexbilidade mostra que ainda podem existir outros bilhões de motivos para investir em Bitcoin.