Nem tudo é sucesso: A história de fracasso de uma startup criada por um trader e que fechou as portas
Empresa fundada por trader chegou a funcionar por 8 anos, arrecadou mais de R$ 3 milhões de investidores mas faliu e revelou a ilusão do mercado de fintechs e startups
No mundo das startups e fintechs, sejam elas de Bitcoin ou não, é comum olhar a arrecadação de cifras milionárias para projetos que ainda lutam para ganhar público.
Assim, é comum ver que determinada empresa investiu milhões em uma startup que você, muitas vezes, nunca ouviu falar.
No caso do ecossistema de criptoativos ocorre o mesmo e é recorrente ver notícias de fintechs recebendo milhões para fazer, muitas vezes, o que outros aplicativos já fazem.
Porém, atras das letras das notícias e dos valores que componhe os números há empresas que precisam provar “ao que vieram” e, nesse caminho, 90% delas, falham.
inTaxi Media
Esse foi o caso da inTaxi Media.
Assim, a empresa voltada para o setor de mídia out-of-home focada em táxis e que durou 8 anos faliu.
A história foi contada pelo portal NeoFeed e revelou um importante aspectos do universo das startups: o fracasso é o normal.
Ryan Marques
Assim, segundo a reportagem a empresa foi fundada por Ryan Marques, que durante três anos atuou como trader de derivativos de crédito no Deustche Bank e depois trabalhou por mais dois anos no BNP Paribas.
Porém Marques sempre teve a ideia de empreender e ao usar os táxis em Manhattan, percebeu nas telas instaladas nos veículos uma oportunidade para o mercado brasileiro.
Depois de seu trabalho como trader, resolveu voltar ao Brasil e colocar a idéia em prática.
Pegou todo o dinheiro que tinha guardado e “partiu pra cima”.
Mas, antes mesmo do negócio ser lançado o dinheiro já tinha acabado.
“Marques tentou captar dinheiro com investidores anjo. Não conseguiu. A saída foi apelar para a ajuda da família. Seu pai, empresário do ramo de combustíveis, entrou com um aporte de R$ 500 mil. E o jovem empreendedor passou um ano aperfeiçoando o produto que colocaria na rua. Na hora de pôr no ar, o País já estava em crise” revela a reportagem.
O negócio
Porém Marques, apesar das dificuldades, conseguiu colocar seu produto no mercado e no primeiro ano de atuação da empresa a inTaxi Media contava com 250 telas instaladas em táxis.
No modelo de negócio, porém o taxista não ganhava nada e ainda tinha que ser convencido a instalar o equipamento.
Em troca, ganhava um taxímetro.
No entanto, ainda assim o negócio avançou e em 2015 a empresa chegou a ter uma audiência mensal de 200 mil pessoas a receita bateu em R$ 350 mil.
“Naquele ano, a operação se pagou. Mas percebemos que ou buscávamos uma captação para escalar o negócio ou teríamos de fechar”, afirma o ex-empresário.
Porém, com o negócio funcionando e “lucrando” conseguir investidor foi mais “fácil” e a CVentures, um fundo de venture capital de Florianópolis, aportou R$ 3,5 milhões no negócio.
Investimento
Com o novo investimento a empresa cresceu e chegou a ter 1,2 mil pontos instalados.
Porém enfrentava dificuldades para vender a publicidade das telinhas.
Mesmo assim, em 2018 a empresa faturou R$ 1,5 milhão e tinha previsão de faturar R$ 3 milhões em 2019.
Mas, um grande anunciante cancelou um contrato milionário e que garantia o funcionamento da empresa por até um ano.
Mas Marques continuou firme, seguiu em frente e conseguiu faturar R$ 1 milhão no primeiro semestre.
“Animado, reformou a sede e aumentou o time de 12 para 17 funcionários. Porém, o segundo semestre foi terrível e entraram apenas R$ 250 mil. Com caixa para mais 90 dias, decidiu parar por ali”, revelou a reportagem.
Coronavírus
“Chamei o fundo e conversamos sobre o encerramento da empresa, para fechar e conseguir pagar todos os funcionários”, afirma Marques.
Porém, antes de fechar, ainda tentou vender a empresa.
O negócio andou e estava tudo certo, mas foi cancelado por conta da pandemia do coronavírus.
Resultado, em 2020, a empresa fechou as portas de vez.
Ilusão
Para a reportagem do NeoFeed Marques revelou que o universo de startups é uma ilusão.
“Tem muita empresa que não para de pé e continua captando e gastando milhões”, disse.
Assim, segundo o empresário todo o tempo empregado na criação e funcionamento da inTaxi Media não voltam mais e, por isso afirma, a experiência acabou sendo um MBA “bem caro”.
Porém, agora revela que vai se dedicar aos negócios do pai e ajudar a família no empreendimento.
Sobre startups deixa o recado.
“Você vai nesses summits de inovação e vê uma quantidade enorme de pessoas dizendo que serão o próximo unicórnio (…) Muitos dizem que vão replicar o modelo da Uber, mas esquecem que a Uber não dá lucro.
Depois de tomar tantos socos no estômago, a sensação de fechar a empresa é, de certa forma, refrescante”, diz.o empreendedor.
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