Investidores fazem fila para receber dinheiro de suposta pirâmide que prometia lucro de 7% ao mês
Centenas de investidores acusam a SFO Holding – empresa que prometia lucro de até 7% ao mês em cima do capital aportado – de ser uma pirâmide financeira.
No começo deste mês, os clientes foram até a sede do negócio, em Lorena (SP), para tentar recuperar o dinheiro investido. Uma fila enorme se formou e a Guarda Municipal teve que atuar para controlar a “muvuca”.
A empresa acabou fechando as portas e o fundador do negócio, o empresário Samuel Fradique de Oliveira, sumiu do município, que tem pouco mais de 80 mil habitantes.
Até a manhã desta quarta-feira (27), segundo levantamento feito pelo portal Livecoins, havia cerca de 150 processos contra o grupo na Justiça de São Paulo. As ações somam R$ 16 milhões.
O que a empresa prometia?
A SFO Holding foi fundada por Oliveira em agosto de 2017, segundo consulta feita na Receita Federal. Por meio da empresa, o empresário captava dinheiro das pessoas e afirmava investir em lojas de cosméticos, construção civil e em postos de combustíveis.
Aos investidores, Oliveira prometia lucro de até 7% ao mês em cima do capital aportado. Os ganhos eram garantidos em contratos de 180, 360 ou 720 dias, conforme prints divulgados em redes sociais.
Consulta feita no site da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), no entanto, mostra que a empresa e o empresário não têm autorização da autarquia para captar investimentos de terceiros.
Dono da SFO Holding culpa coronavírus
No final de abril, o dono da empresa anunciou em um vídeo publicado no Facebook que suspenderia os pagamentos por causa do coronavírus. Ele disse também que venderia todo seu patrimônio para ressarcir o capital de cada sócio.
No começo deste mês – depois que os clientes foram até a sede da empresa para pedir o dinheiro de volta -, Oliveira divulgou um novo comunicado pedindo um pouco mais de paciência.
“Por mais de 20 anos colhemos bons frutos da nossa sociedade. No momento, temos que ter paciência e discernimento para não termos que arcar com prejuízos incalculáveis que afetaram não só a mim, mas todos aqueles sócios que estão comigo”.
Depois do anúncio, a empresa fechou as portas e o empresário desapareceu da cidade. Na pagína de Oliveira no Facebook há centenas de reclamações. “Maldito homem que confia em outro homem. Está na bíblia” e “Eu já sabia que era pirâmide, mas ninguém acreditava” são alguns deles.
Processos vão de R$ 5 mil a R$ 1 milhão
Além dos comentários negativos nas redes sociais, a empresa virou alvo de uma enxurrada de processos judiciais em São Paulo. São 150 ações que cobram valores que vão R$ 5 mil a cerca de R$ 1 milhão.
Praticamente todos os processos foram movidos por moradores da cidade de Lorena. Em alguns casos, a Justiça já determinou o bloqueio de recursos das contas da empresa e o arresto de imóveis em nome do negócio.
A juíza Vanessa Pereira da Silva, do Juizado Especial Cível e Criminal do Foro de Lorena, pediu apoio do Ministério Público de São Paulo para investigar o caso, já que há indícios de crime de pirâmide financeira.
“(…) dê-se vista ao Ministério Público, a fim de que manifeste interesse em sua atuação, tendo em vista que, ao menos nesta sede, há evidências de direito individual homogêneo relevante e até mesmo de consecução do sistema de ‘pirâmide financeira’ nesta Comarca”.
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