Após Nubank, agências de risco rebaixam perspectiva dos bancos Inter e Original

Os bancos digitais brasileiros também têm sofrido os efeitos da pandemia de coronavírus sobre o cenário econômico. E suas perspectivas para o futuro vêm sendo revisadas para baixo por agências de classificação de risco.

Foi o que aconteceu na última quarta-feira (8) com os bancos Inter, segundo a Standard & Poor (S&P), e Original, de acordo com a Fitch.

O Banco Inter, que anunciou na última terça-feira (7) ter alcançado a marca de 5 milhões de correntistas, teve no dia seguinte sua perspectiva alterada de “positiva” para “estável” pela S&P.

Além do cenário econômico desfavorável no Brasil, a S&P cita justamente a expansão da base de clientes como um fator que deixa a instituição mais vulnerável às oscilações do mercado. Os 5 milhões de clientes obtidos ao final do 1º trimestre representam um crescimento de 155% na comparação com o mesmo período em 2019.

“O recente crescimento exponencial de sua carteira de cartões de crédito expõe o banco a uma maior sensibilidade à deterioração econômica”, diz a S&P.

No entanto, a agência vê no banco condições para converter essa base de correntistas em uma diversificação de receitas e resultados operacionais mais estáveis.

Já o Original, avaliado pela Fitch, sofreu um “downgrade” de B+” para “B”. Segundo a agência, trata-se de um reflexo das dificuldades do banco em alcançar um ponto de equilíbrio (“breakeven”) sustentável.

“O Original tem divulgado resultados operacionais negativos por quatro anos consecutivos, que continuam a ser afetados pelos desafios e altos custos ligados à implementação da iniciativa digital”, apontou a agência.

Segundo dados divulgados pelo próprio Original, o banco digital conta atualmente com 3 milhões de correntistas.

Nubank rebaixado

Além de Original e Inter, outro banco digital cuja avaliação teve queda por conta do coronavírus foi a do Nubank. A S&P alterou a perspectiva de longo prazo da fintech de estável para negativa.

O Nubank registrou um prejuízo de R$ 313 milhões em 2019, com um operacional crescente. No entanto, expandiu com força sua base de clientes — de 5 milhões em 2018 para 19,3 milhões no final do ano seguinte. Logo nas primeiras semanas de 2020 a fintech anunciou ter batido a marca de 20 milhões de clientes.

A S&P analisa o cenário como equilibrado. Por um lado, afirma que o Nubank conta com níveis de liquidez e de capital classificados como robustos. Por outro, vê limitação na diversificação dos negócios, o que deixa o banco digital mais exposto a um potencial aumento de inadimplência.

Em nota enviada à reportagem, o Nubank viu o relatório da S&P como “natural” e que “sinaliza uma cautela adotada pela agência de rating em relação à capacidade de contenção da pandemia no Brasil e os efeitos futuros na economia”.

Grandes bancos e BNDES

Também devido ao Covid-19, a S&P alterou de positiva para estável a perspectiva dos cinco grandes bancos em ação no Brasil — Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander —, além do BNDES e de outras instituições do sistema financeiro nacional.

“A ação de rating reflete nossa visão de que o crescimento do PIB brasileiro e o desempenho fiscal do país serão afetados em 2020 em razão da pandemia e dos gastos extraordinários do governo, até que a economia se recupere gradativamente e a consolidação fiscal seja retomada”, diz o relatório.

Além do BNDES e dos cinco grandes bancos, também são citados pela S&P no relatório os bancos ABC Brasil, Citibank, Banco do Nordeste, Safra, BV, B3 S.A, China Construction Bank (Brasil) e Haitong Banco de Investimento do Brasil.


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