Nem todo halving nas criptomoedas é positivo; veja os motivos
Halving é a redução do número de novos Bitcoins entregues ao minerador como recompensa para encontrar a solução do bloco. Este processo ocorre a cada quatro anos e reduz uma pressão vendedora constante do mercado, por este motivo é tido como benéfico.
Qual o impacto do minerador passar a receber 6,25 BTCs por bloco ao invés dos atuais 12,5? A grande verdade é que nada muda para os demais participantes, pois esta alteração estava programada desde o lançamento da rede.
Bitcoin vs moedas fiat: Dólar, Reais, Euros
Ao contrário das moedas tradicionais, onde o Banco Central define políticas que na prática aumentam ou reduzem o total de moedas em circulação, no Bitcoin esta “inflação” foi previamente estabelecida.
A grande vantagem? Escassez e previsibilidade. Sabemos exatamente quantas moedas teremos em circulação em qualquer data, inclusive futura, além de estabelecer o limite máximo de aproximadamente 21 milhões de moedas.
Como funciona este calendário do Bitcoin?
Repare no gráfico abaixo onde temos em azul o número de moedas em circulação, na coluna da direita, e em vermelho a “inflação” equivalente. Estamos nos aproximando do bloco 630.000, estimado para 12 de maio. Neste dia a “inflação” anual será reduzida dos atuais 3,68% para 1,80%.
Qual o lado negativo?
Quando você reduz o incentivo por bloco, parte dos mineradores passa a ficar no prejuízo, ou seja, o custo de produção não compensa. Se muitos mineradores desligam as máquinas, cai o hashrate, o poder computacional, e consequentemente a segurança da rede.
O mercado denominou este efeito de “espiral da morte”, e isto foi comprovado no último halving do Litecoin, em 4 de agosto de 2019. No mês seguinte ao evento o hashrate havia caído 35%, enquanto a cotação da moeda cedeu 30% em dólar.
Sem uma demanda real dos compradores o efeito continuou se propagando, e a queda no hashrate chegou a 70%. Pesava contra a moeda os rumores de que só haviam dois desenvolvedores trabalhando no projeto, além do fundador Charlie Lee ter vendido toda sua posição em 2017.
Esta queda no hashrate é perigosa?
De forma resumida, aumentam as chances de um ataque 51%, ou seja, um conluio de mineradores para validar transações em benefício próprio. O risco é especialmente elevado quando há capacidade ociosa de equipamento de mineração específico desta moeda.
Como evitar este desastre? Não há nada que possa ser feito para assegurar a alta na moeda. Nem mesmo o fato dos dois últimos halvings terem sido excelentes em questão de valorização do Bitcoin servem como garantia. É importante lembrar que o halving do Bitcoin Cash (BCH) acontece antes, por volta de 8 de abril.
Sobre o autor
Marcel Pechman atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Desde maio de 2017, faz arbitragem e trading de criptomoedas, além de ser cofundador do site de análise de criptos RadarBTC.
O post Nem todo halving nas criptomoedas é positivo; veja os motivos apareceu primeiro em Portal do Bitcoin.