Polícia Federal prende advogado ligado à Indeal suspeito de tentar antecipar informações do caso
A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã desta terça-feira (03) no município gaúcho de Cachoeirinha um homem ligado à Indeal que tentou obter informações antecipadas sobre eventuais medidas contra os sócios da empresa.
Segundo informações do GaúchaZH, o mandado de prisão fazia parte da segunda fase da Operação Egypto, para investigar crimes de violação de sigilo funcional e organização criminosa. Os agentes da PF ainda cumpriram três mandados de busca e apreensão em Porto Alegre e em Cachoeirinha.
A Polícia Federal, por meio de nota, afirmou que foram apreendidos documentos e celulares, mas não entrou em detalhes sobre o teor desses documentos. Nada foi mencionado, no entanto, se os agentes encontraram alguma carteira de criptomoeda.
O homem preso não teve sua identidade revelada, mas segundo o GaúchaZH, ele se chama Leandro Marques. De acordo com a Polícia Federal, ele é ligado a sócios da Indeal, a de Novo Hamburgo acusada de captar recursos de terceiros sem a autorização e que prometia altos de lucros no mercado de criptomoedas.
O preso teria recebido valores substanciais por meio de transferências em nome de terceiros. A Polícia Federal, no entanto, não divulgou quanto o suspeito teria recebido e tampouco se ele subornou algum servidor público para obter as informações ligadas à investigação.
O mandado cumprido, conforme ressaltou a PF, foi de prisão temporária. Em outras palavras, o suspeito ficará na cadeia pelo entre cinco e dez dias. De acordo com a lei, a prisão temporária tem prazo de cinco dias podendo ser prorrogado por mais cinco dias.
Operação da Polícia Federal
O inquérito policial foi instaurado em janeiro de 2019 para apurar a atuação de uma empresa com sede em Novo Hamburgo que estaria captando recursos de terceiros, sem a autorização dos órgãos competentes, para investimento no mercado de criptomoedas. A empresa assumia o compromisso de retorno de 15%, ao menos, no primeiro mês de aplicação.
De acordo com a investigação promovida pela Receita Federal e pela Polícia Federal do Rio Grande do Sul, a Indeal chegou a captar R$ 850 milhões no período de um ano, mas deixou um rombo de R$ 300 milhões. Mais de 55 mil pessoas foram prejudicadas.
Conforme levantamentos da Receita Federal, uma das contas da empresa teria recebido créditos de mais de R$ 700 milhões entre agosto de 2018 e fevereiro de 2019. Os sócios da instituição financeira clandestina apresentaram evolução patrimonial de grande vulto, que, em alguns casos, passou de menos de R$ 100 mil para dezenas de milhões de reais em cerca de um ano.
Além dos crimes de operação de instituição financeira sem autorização legal, gestão fraudulenta, apropriação indébita financeira, lavagem de dinheiro e organização criminosa, o inquérito apura o envolvimento de pessoas que teriam tentado obter informações sigilosas da investigação e que foram identificadas.
A operação foi denominada Egypto pela similaridade dessa palavra com o termo “cripto” e pelo fato de que o negócio da empresa foi classificado por terceiros como de “pirâmide financeira”.
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