Bitcoin é a mais espetacular das criptomoedas, diz ex-presidente do Banco Central do Brasil

“O bitcoin é o caso mais espetacular de criptomoeda pois, se fosse uma empresa, valeria US$ 175 bilhões”. A frase é do ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, um dos economistas que integrou a equipe que lançou o Plano Real.

Em um artigo no Estadão no domingo (28), o economista escreveu sobre o que existe de mais recente no mercado de moedas e meios de pagamento.

Franco dissertou sobre a Libra, criptomoeda do Facebook programada para ser lançada em 2020, o que ele chamou de “novidade mais instigante”, observando o noticiado pela Fundação Libra:

“Uma moeda estável, construída como uma criptomoeda, mas lastreada por reservas em ativos reais e governada por uma associação independente”.

Logo, ele idealizou a proposta da rede social como ‘uma deixa’ para que surjam outros tipos de meios de pagamentos.

Formatos de criptomoedas

O artigo foi centrado nas características de novas moedas que têm surgido. Segundo ele, “os formatos são tão variados que se entende por que não se fala mais de meio de pagamento, mas em tecnologia de pagamento”.

“O McDonald’s poderia criar o Mac, uma criptomoeda conversível em bigmacs”, escreveu. Ele descreve as criptomoedas como “criaturas singulares cujo aspecto definidor mais frequente é um sistema de verificação e custódia descentralizado”.

Contudo, Franco disse que “exatamente a experiência que a libra se propõe a oferecer”, já existe. E a ideia é simplesmente oriunda de ao menos três experiências precursoras.

Para explicar ele cita três tecnologias: M-Pesa, introduzido no Quênia em 2007, o AliPay e o WeChat, ambos da China.

“As pessoas ‘depositavam’ dinheiro, ou carregavam seus pré-pagos, e ganhavam a capacidade de enviar dinheiro, ou minutos, a pessoas/aparelhos por todo o país”, descreveu a tecnologia difundida no Quênia.

Sobre Alipay e WeChat ele especifica: “transferir dinheiro é tão fácil quanto mandar uma foto”.

Contudo, elogia, ao menos, a economia em eletricidade da Libra, visto sua blockchain mais simplificada e eficiente, sem o consumo enorme de energia do sistema original.

Cita também a independência de um banco devido à descentralização da moeda.

Vale lanche e cafezinho

Franco ainda cita duas empresas que poderiam também seguir a ideia da Libra e lançar suas criptomoedas.

“Em tese, todavia, qualquer empresa global, mesmo sem ser ‘big tech’, poderia empreender algo semelhante. O McDonald’s poderia criar o Mac, uma criptomoeda conversível em bigmacs. O Starbucks, o Star, funcionando como um ‘vale capuccino’, tudo em blockchain. Por que não?” concluiu.

Atualmente, Gustavo Franco é sócio da empresa gestora de fundos Rio Bravo Investimentos e nunca deixou de atuar como professor do Departamento de Economia da PUC-Rio desde 1986.

Antes de liderar o Bacen, Franco foi Secretário Adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda e Diretor de Assuntos Internacionais da instituição, posição que ocupou até meados de 1997. Ele, então, acompanhou vários tipos de tecnologias no setor financeiro.


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