Cinco temas sobre o futuro do dinheiro para ficar de olho em 2022

Por Michael J. Casey*

Feliz Ano Novo! Em 2021, nossa ideia de dinheiro foi desafiada durante aqueles 12 meses insanamente ocupados e cheios de notícias. Agora, olhamos para o ano que se inicia e consideramos maneiras pelas quais o dinheiro poderia ser reinventado em 2022.

Quem vai emitir nosso dinheiro no futuro digital?

Os governos, armados com as moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs), continuarão a monopolizar os sistemas monetários? As moedas de empresas privadas prevalecerão, seja com stablecoins que acompanham o valor de moedas governamentais pré-existentes (por exemplo, o tether, que acompanha o valor do dólar americano), seja com seus próprios tokens? Ou as moedas descentralizadas, como o bitcoin, serão dominantes? Ou então elas vão competir umas contra as outras em um futuro que contará com várias moedas?

Claro, essas questões não serão nem de longe resolvidas no próximo ano. Mas o debate tende a se intensificar, impulsionado por vários fatores. A China está lançando seu projeto de pagamento eletrônico por meio de moedas digitais para as Olimpíadas de Inverno em fevereiro. Os EUA estão desenvolvendo regulamentações (veja no próximo tema) voltadas para emissores privados de stablecoins. E a adoção de criptomoedas descentralizadas para pagamentos continua a crescer em todo o mundo, ajudada pelo avanço dos sistemas de escalabilidade, como o Lightning Network da rede Bitcoin.

A discussão política vai se intensificar nos EUA

O ano de 2021 foi grande para desenvolvimentos regulatórios no mundo cripto. Os destaques incluem o debate do Senado americano sobre as disposições de impostos sobre criptoativos no projeto de lei de infraestrutura e a aprovação de um fundo negociado em bolsa (ETF) de futuros de bitcoin. Parece provável que o impulso regulatório ficará ainda mais intenso em 2022.

O que está em jogo? Bem, há uma chance razoável de que a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) encontre maneiras de esclarecer sua posição sobre se os tokens são valores mobiliários não registrados, com os desenvolvedores de tokens para finanças descentralizadas (DeFi) possivelmente se encontrando na mira.

Provavelmente haverá uma forte pressão de defensores dos criptoativos no Congresso por uma revisão mais abrangente dos valores mobiliários e outras legislações relacionadas aos criptoativos, embora não seja muito provável que vejamos algo tão abrangente quanto a histórica Lei de Telecomunicações de 1996 nos EUA, que alguns citam como uma modelo para uma iniciativa legislativa de definição em torno de uma tecnologia nova e transformadora.

Enquanto isso, a SEC estará sob pressão para aprovar um ETF de bitcoin do mercado à vista, o próximo passo lógico após a aprovação deste ano de um modelo altamente limitado baseado em futuros. Também podemos ter clareza sobre quão de perto os emissores de stablecoins devem ser regidos pelas leis bancárias dos EUA.

E haverá uma maior consolidação das regras internacionais sobre o combate à lavagem de dinheiro por órgãos como a Força-tarefa de Ação Financeira. Esperemos que os governantes possam abrir suas mentes para as restrições que suas soluções draconianas impõem às inovações que podem elevar a inclusão financeira.

Ethereum 2.0

O Ethereum fará a transição para o 2.0 com sucesso? Com as taxas de Gas para transferências de tokens não fungíveis (NFTs) e outras transações tornando o ecossistema Ethereum proibitivamente caro para a maioria, a pressão para concluir o aguardado projeto da Ethereum 2.0 aumentará.

Um blockchain de prova de participação paralelo conhecido como Beacon já está funcionando, mas há muitos movimentos importantes a ser feitos antes que o projeto 2.0 inteiro possa ser considerado um sucesso. Por um lado, a fusão da Beacon com a mainnet (rede principal) implicará uma mudança disruptiva na economia de tokens para os mineradores e validadores.

E existem atualizações separadas e igualmente desafiadoras dentro da Ethereum 2.0 ainda por vir, incluindo o sharding, um meio de reduzir a quantidade de dados que os nós da Ethereum precisam processar para manter o blockchain. Estas são empresas importantes e o futuro da principal plataforma de contratos inteligentes depende delas.

Desafios e oportunidades ambientais do mundo cripto

Duas coisas parecem certas, quer as pessoas gostem ou não: a mudança climática só vai piorar e o ecossistema cripto vai continuar a crescer. Portanto, precisamos acabar com o atual estado de coisas em que os críticos das criptomoedas fazem pedidos mal concebidos para que elas sejam proibidas e os defensores delas (igualmente ingênuos) ignoram o enorme problema da mineração baseada em combustíveis fósseis.

A conversa precisa mudar e ir em direção a sistemas de energia integrados à mineração que criem incentivos não apenas para os mineradores usarem energia renovável, mas para o setor financiar essencialmente o desenvolvimento de uma rede elétrica “verde” mais eficaz e gerenciada de maneira mais estável.

Tenho esperança de que em 2022 veremos esse tipo de discussão mais sofisticada emergir, à medida que os gestores locais de soluções de energia juntam forças com as mentes inovadoras da mineração.

Web 3.0

Para onde vai a Web 3.0? O ano de 2021 terminou com uma discussão furiosa entre os “maximalistas do bitcoin”, liderados por Jack Dorsey, CEO da Block (antiga Square) e ex-CEO do Twitter, e entusiastas da Web 3.0 buscando dar às pessoas maior controle sobre seus dados e conteúdo do que tivemos durante as duas décadas de Web 2.0.

Eu, por exemplo, acho que a Web 3.0 é real e significativa, e que aqueles que estão trabalhando nela merecem a chance de construir e testar seus projetos, mesmo que todo o conceito esteja inevitavelmente mal definido.

Isso porque a Web 2.0 é uma bagunça. A humanidade precisa de uma saída. A internet, como Balaji Srinivasan e Parag Khanna estabeleceram em um artigo recente para o Foreign Policy, já está modificando e descentralizando as estruturas de poder no século 21.

Precisamos ajustar nossos sistemas de gerenciamento de propriedade digital e de estabelecimento dos direitos dos usuários nesta nova era. Inevitavelmente, essa discussão se intensificará em 2022 e trará as muitas ideias díspares e concorrentes em torno da Web 3.0 sob um foco mais nítido.

* Michael J. Casey escreve para a CoinDesk. O texto não reflete necessariamente a opinião da EXAME.

Texto traduzido por Mariana Maria Silva e republicado com autorização da Coindesk

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