3xBit transferiu R$ 300 mil de investidor para Negocie Coins

Em maio, um morador de São Paulo decidiu investir em alguma corretora de criptomoedas. O nome dele não será revelado.

Ele conheceu a Negocie Coins, do Grupo Bitcoin Banco, mas não quis firmar nenhuma parceria com a empresa, com sede em Curitiba (PR). Naquele mês, o conglomerado – que está no meio de um processo de recuperação judicial – começou a atrasar os saques dos clientes.

Ele foi procurado, então, por representantes da 3xBit, exchange de Campinas (SP) que afirmava ter robôs de investimento. Foram apresentadas a ele a suposta rentabilidade do negócio e outras mil maravilhas, assim como costuma ocorrer em casos semelhantes.

Ele gostou do que ouviu, pegou R$ 300 mil que estavam guardados e transferiu o valor para a corretora, que oferecia rendimento mensal de 6% em cima do capital aportado. Toda intermediação foi feita por uma empresa da capital paranaense chamada Capital.

3xBit transferiu dinheiro sem autorização

Em julho, o investidor pediu login e senha para acessar suas informações na plataforma 3xBit, mas nada foi repassado a ele. A empresa teria informado, então, que seu dinheiro havia sido transferido para a Negocie Coins. Entretanto, nenhuma autorização para essa transação havia sido dada.

“Ele tomou um susto, pois já sabia que a corretora paranaense estava com problemas”, disse Paula Serra Casasco, advogada da Manuel & Vitta Sociedade de Advogados, que é responsável pela defesa do investidor.

A 3xBit, disse Paula, reconheceu o erro e chegou a devolver R$ 100 mil para o investidor em agosto. Desde aquele mês, no entanto, os representantes da empresa sumiram e ninguém mais sabe onde estão.

A reportagem não localizou ninguém da 3xBit para comentar o caso. Contatada, a antiga assessora de imprensa informou que não atende mais a exchange e que não poderia ajudar a localizar alguma pessoa de lá.

Justiça não bloqueia valor

Paula, que moveu no início deste ano na Justiça de São Paulo uma ação em nome do investidor, pediu o bloqueio dos R$ 200 mil presos.

Neste mês, o juiz Glauce Helena Raphael Vicente Rodrigues, que é responsável pelo caso, negou o pedido. Segundo o magistrado, “as questões suscitadas dependem de melhor dilação probatória, com observância de contraditório e possibilidade de ampla defesa”.

A advogada pretende recorrer.

Assim como ela, outras quatro pessoas entraram com ações contra a 3xBit na Justiça de São Paulo. No Tribunal de Justiça do Paraná, segundo apurou a reportagem, há outros 17 processos que citam a corretora.

Entenda o caso da 3xBit

A exchange, administrada por Octávio de Paula Santos Neto e Saint Clair de Souza Izidoro, não libera saques desde agosto. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) abriu um processo para averiguar o caso.

A empresa também foi removida do CointraderMonitor, maior monitor de preço de bitcoins e outras criptomoedas.

No ano passado, a corretora enviou um comunicado aos clientes afirmando que entendia a “frustração e os transtornos causados”. Informou que um possível aporte financeiro iria ser depositado no negócio, e isso seria a salvação da empresa. Nada foi concretizado.

Saint Clair, na época, chegou a pedir desculpas pelos atrasos e reconheceu os erros. Falou ainda que estava trabalhando para solucionar o problema com os saques. “Assim como meu sócio não tenho vergonha de dizer que erramos em alguns pontos mas estamos trabalhando para resolver eles (…)”, disse.

Hoje, segundo advogados, ninguém consegue mais localizar representantes da exchange.

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