3 tokens DeFi sobem até 56% em uma semana decisiva para invalidar o “setembro vermelho”

Tokens da primeira geração de protocolos blue chips DeFi da Ethereum puxam ganhos no setor à medida que Bitcoin se aproxima do seu primeiro fechamento mensal positivo em setembro desde 2016.

Setembro chega a sua última semana carregando um histórico de turbulências nos mercados globais – e não apenas no de criptomoedas –, com a inflação global superando as expectativas dos especialistas, o terceiro aumento consecutivo da taxa de juros dos EUA e a promessa do presidente do Fed (Banco Central dos EUA), Jerome Powell, de que mais dor está por vir.

Além disso, por tratar-se de um mês historicamente negativo para o Bitcoin (BTC), as expectativas gerais antecipavam mais um fechamento no vermelho para as principais criptomoedas do mercado. No entanto, a segunda-feira, 26, registrou uma alta inesperada de 2,2% do preço do BTC, dando um novo ânimo aos traders.

Na terça-feira, o ímpeto do Bitcoin ganhou ainda mais força e no início da tarde desta terça-feira a maior criptomoeda do mercado está cotada a US$ 20.101, e registra uma alta de 5,5% em 24 horas, impulsionando o mercado de forma mais ampla. Caso mantenha-se acima do suporte psicológico de US$ 20.000 até a próxima sexta-feira, no encerramento do mês, o tradicional “setembro vermelho” poderá ganhar uma coloração verde inédita desde 2016.

Abaixo da marca de US$ 950 bilhões desde 18 de setembro, a capitalização total do mercado de criptomoedas voltou a se aproximar de US$ 1 trilhão, de acordo com dados do CoinMarketCap. Com isso, nos últimos sete dias, a participação dos tokens DeFi (finanças descentralizadas) no mercado cresceu de US$ 43,8 bilhões para 46 bilhões – uma alta de 5%.

A maior parte dos ganhos, no entanto, assim como no caso do Bitcoin, concentrou-se nos dois últimos dias, liderados pelos tokens de projetos blue chip DeFi Uniswap (UNI) e MakerDAO (MKR). Nas últimas 24 horas, ambos acumulam ganhos de dois dígitos: 13,5% e 12,2%.

O valor total bloqueado (TVL) em protocolos DeFi também registrou um crescimento razoável – dadas as condições do mercado – nos últimos sete dias. Saltou de US$ 53,7 bilhões para US$ 56,2 bilhões, uma alta de 4,6%, de acordo com informações da plataforma de monitoramento de dados DeFi Llama. O destaque ficou por conta da Ethereum (ETH) e da Arbitrum, uma de suas principais soluções de camada 2: ambas registraram altas do TVL de 6,7% e 6%, respectivamente.

A BNB Chain (BSC) e a Tron (TRX) também tiveram incrementos em seus TVL: 4% e 1,4%, respectivamente. Enquanto todas as outras principais redes de contratos inteligentes do mercado registraram perdas marginais: 0,1% para a Avalanche (AVAX), 0,2% para a Optimism (OP), com 0,3% para a Solana (SOL) e 0,8% para a Polygon (MATIC).

Os maiores ganhos da Ethereum podem em parte ser explicados pela valorização do UNI e do MKR. Ao lado dos dois, completa a lista dos três tokens de maior destaque nos últimos sete dias o Reserve Rights (RSR).

Reserve Rights (RSR)

O Reserve Protocol é uma plataforma que utiliza um sistema dual de tokens: uma stablecoin algorítmica atrelada ao dólar e lastreada por uma certa de diversos ativos, a Reserve (RSV), enquanto o segundo é o Reserve Rights (RSR), um token de valor nominal variável, cujo propósito é garantir a estabilidade do RSV na proporção US$ 1: 1 RSV, através de um sistema de arbitragem. Ou seja, trata-se de um mecanismo similar ao do finado ecossistema Terra Classic (LUNC) e que agora está na mira dos reguladores dos EUA.

No entanto, à medida que o desenvolvimento do projeto avança, o Reserve Protocol pretende criar um mecanismo de sustentação da stablecoin Reserve com um aumento na diversificação da cesta de ativos que a suporta, até eventualmente afastá-la da necessidade de manter-se pareada ao dólar. O sucesso da iniciativa pode tirá-la da alça de mira das autoridades e possivelmente esteja por trás da recente alta do RSR.

Como alternativa ao modelo de arbitragem, a proposta dos desenvolvedores do projeto é criar um ativo de reserva alternativo com os tokens RSV representando uma fração da propriedade do pool do tesouro do protocolo.

Atualmente, detentores do RSR podem manter seus tokens em staking para ajudar a garantir a manutenção da paridade do RSV com o dólar, recebendo uma parte das receitas geradas no token de sua preferência: ou em Reserve Rights ou na forma da stablecoin Reserve.

Como regra geral, os stakers de RSR podem esperar retornos mais altos (APYs) quanto maior for a capitalização de mercado total dos dois tokens do protocolo.

Recentemente, o Reserve Protocol lançou um aplicativo para dispositivos móveis que proporciona aos usuários uma série de facilidades para converter e utilizar uma série de moedas nacionais de países latino-americanos.

De acordo com o head de plataforma do protocolo, 600.000 usuários e 23.000 comerciantes da região já utilizam o aplicativo do Reserve e o RSV como meio de pagamento O aplicativo ainda oferece serviços de poupança, transferências P2P sem intermediários e exchanges de criptomoedas.

Em 10 de outubro, o Reserve Protocol vai implementar uma nova versão do protocolo. A data do lançamento foi divulgada na última terça-feira, 20, desencadeando a alta do token nos dias subsequentes. Possivelmente em mais um dos típicos casos dos mercados de capitais de “compre o boato, venda a notícia”.

O fato é que desde então, o token valorizou 56,7%, saltando de US$ 0,007392 em 20 de setembro para US$ 0,008397 na tarde desta terça-feira, de acordo com dados do CoinMarketCap. Atualmente, a capitalização de mercado do RSR é de US$ 353,7 milhões e o token ocupa a 97ª posição no ranking de criptomoedas.

Desempenho semanal do RSR. Fonte: CoinMarketCap

MakerDAO (MKR)

O MKR é o token de governança da MakerDAO. Ele permite aos seus detentores que participem das decisões relativas ao protocolo e capturem valor a partir do desenvolvimento do ecossistema como um todo.

A MakerDao voltou aos holofotes depois que o colapso da stablecoin algorítmica TerraUSD (UST) fez com que os investidores buscassem ativos atrelados ao dólar verdadeiramente “estáveis”. No caso, o DAI.

O DAI foi criado pela MakerDAO em dezembro de 2017, no auge do penúltimo ciclo de alta do mercado, o que faz dela a mais antiga stablecoin descentralizada em circulação nos dias de hoje.

O DAI é uma stablecoin sobrecolateralizada cuja emissão se baseia no seguinte mecanismo: um usuário deve depositar Ethereum – ou outros tokens ERC-20 – em um cofre (vault), que é um contrato inteligente onde as garantias são mantidas e há o controle do valor em dólares do ETH depositado. A partir daí, o usuário pode emitir DAI até um certo nível em função das garantias depositadas.

No entanto, a quantia depositada em ETH precisa ser superior a 100% do DAI emitido. Dependendo do cofre em que a garantia for depositada, será necessário entre US$ 1,50 e US$ 2,00 em ETH para obter 1 DAI, que, em tese, equivale a US$ 1. A sobrecolateralização, ou seja, o ETH excedente em relação ao valor de US$ 1, serve para garantir a manutenção da paridade do DAI com o dólar.

Tratando-se de uma stablecoin, a credibilidade do DAI no mercado depende da manutenção da paridade com o dólar. Os mecanismos primários utilizados para garantir a estabilidade do token são: o grau de colateralização do DAI, a taxa de estabilidade que os mantenedores dos cofres pagam aos depositários, e a taxa de poupança do protocolo. Todos esses parâmetros são controlados pelos detentores do MKR através de votações de governança.

Diversos recursos tornam o DAI atrativo para os usuários. O primeiro é a própria estabilidade. O DAI já foi posto à prova em diversas ocasiões desde o seu lançamento e o intervalo máximo em que ele variou fica entre US$ 0,9648 e US$ 1,0930. Ao longo dos últimos sete dias, por exemplo, o DAI variou entre US$ 0,99 e US$ 1,02, de acordo com dados do CoinMarketCap.

Logicamente, os usuários não precisam emiti-lo utilizando seus ativos como colateral. Podem adquiri-los diretamente através de exchanges sem compreender seu mecanismo de emissão e de manutenção da sua estabilidade.

Por fim, investidores com conhecimentos de finanças descentralizadas podem utilizá-lo para gerar rendimentos através de protocolos DeFi.

Além da resiliência do DAI durante o colapso do ecossistema Terra (LUNA), outro fator que vem contribuindo para a valorização do MKR é a crescente utilização do DAI em operações financeiras vinculadas à economia real. 

Em 21 de setembro, a MakerDAO colocou em votação uma proposta da RFA, uma plataforma canadense de serviços financeiros para o setor imobiliário canadense, para criação de uma nova aplicação de integração de ativos do mundo real para serem usados como garantia em operações de concessão de crédito.

A RFA já movimentou mais de US$ 20 bilhões em negociações de imóveis, e sua operação de originação de hipotecas residenciais acumula mais de US$ 25 bilhões.

Assim, a MakerDAO vem liderando a exploração de recursos descentralizados para maximização da eficiência financeira conectando ativos do mundo real ao ambiente DeFi.

De acordo com dados da própria MakerDAO, há 139 milhões de DAI emitidos por meio de ativos tokenizados do mundo real.

A abertura das votações da proposta da RFA em 21 de setembro coincidiu com um movimento de reversão de tendência da ação de preço do MKR. Nos últimos sete dias, o token valorizou 22%, tendo subido de US$ 616,97 em 20 de setembro para US$ 749,29 nesta terça-feira, de acordo com dados do CoinGecko. Com uma capitalização de mercado de US$ 725 milhões, o MKR ocupa a 58ª posição no ranking geral de criptomoedas atualmente.

Desempenho semanal do MKR. Fonte: CoinMarketCap

Uniswap (UNI)

A Uniswap é um protocolo de código aberto que opera como um formador automático de mercado (AMM). Este modelo permite que provedores de liquidez criem pools para que os usuários possam intercambiar uma infinidade de tokens de forma não permissionada.

A Uniswap elimina intermediários confiáveis e formas desnecessárias de extração de valor, permitindo uma atividade de câmbio segura, acessível e eficiente. O protocolo também é projetado para ser resistente à censura.

A Uniswap tornou-se a exchange descentralizada (DEX) líder do mercado de criptomoedas em termos de volume de negociação. Originalmente implementada na Ethereum, hoje ela se tornou um protocolo multi-chain e está disponível também para os usuários da Polygon e da Celo, das soluções de segunda camada Optimism e Arbitrum.

O UNI é o token de governança da DEX. Ele concede aos seus detentores o direito de participar ativamente das decisões a respeito do desenvolvimento do projeto. O design econômico da Uniswap determina que 100% da renda obtida através das taxas de negociação seja destinada aos provedores de liquidez (LPs).

Entende-se que eles merecem ser recompensados por se exporem aos riscos de perda impermanente ao travar seus fundos na plataforma para permitir a livre negociação de ativos à comunidade de usuários.

Embora não sejam diretamente beneficiados pelo volume movimentado diariamente pela Uniswap, os detentores do UNI podem acabar beneficiados pela expansão do protocolo no longo prazo.

No entanto, é possível que seja colocada em votação uma proposta de governança para alterar a distribuição das receitas geradas pelas taxas entre os provedores de liquidez e o detentores do UNI, algo que pode contribuir fortemente para a valorização do token nativo da DEX, visto que como líder do mercado ela gera receitas diárias em torno de US$ 1 bilhão, de acordo com a plataforma de monitoramento de dados on-chain CryptoFees.

Nas últimas 24 horas, o volume negociado do UNI disparou, tendo aumentado 82%, ao passo que o token atingiu um topo local de US$ 6,68. Embora tenha corrigido levemente, no início da tarde desta terça-feira o UNI cotado a US$ 6,36, e ainca acumula uma alta de 21,6% nos últimos sete dias, de acordo com dados do CoinMarketCap.

Atualmente, a capitalização de mercado do UNI é de US$ 4,8 bilhões, o que o coloca na 17ª posição do ranking de criptomoedas.

Desempenho semanal do UNI. Fonte: CoinMarketCap

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