3 tokens DeFi que subiram até 88% em uma semana de novas polêmicas envolvendo a Solana

Hack de carteiras, protocolos artificialmente inflados e defesa de Sam Bankman-Fried marcaram uma semana em que as o ecossistema de finanças descentralizadas da Solana esteve no centro das atenções, não exatamente por bons motivos.

O hack das carteiras digitais Slope e Phantom alçaram a Solana (SOL) ao centro das atenções na semana passada, depois que criminosos conseguiram desviar aproximadamente US$ 5 milhões em tokens SOL e USD Coin (USDC).

Embora não tenha se tratado de uma vulnebrabilidade da rede, a segurança da Solana e sua suposta centralização voltaram a ser debatidos pela comunidade de criptomoedas, mesmo que logo se tenha descoberto que as transações que viabilizaram o desvio dos fundos foram validadas de forma legítima.

Os perpetradores do ataque utilizaram as chaves privadas dos usuários, que teriam sido vazadas de forma ainda não totalmente esclarecida pelos investigadores e desenvolvedores da Solana.

Ecossistema DeFi forjado na Solana

O caso acabou deixando em segundo plano outra polêmica envolvendo a principal plataforma de contratos inteligentes postulante a tomar a liderança da Ethereum (ETH). No sábado, 4, uma reportagem do CoinDesk revelou que um único desenvolvedor forjou um ecossistema de finanças descentralizadas que chegou a responder por 70% do valor total bloqueado (TVL) em protocolos DeFi (finanças descentralizadas) da Solana no auge do ciclo de alta do ano passado.

Segundo Ian Macalinao, o desenvolvedor que arquitetou o esquema, o Saber Protcol (SBR) e o Sunny Agregator (SUNNY) respondiam por US$ 7,5 bilhões do TVL recorde de US$ 10,5 bilhões da Solana em setembro do ano passado.

Desenvolvedor chefe do Saber, Macalinao, criou 11 personalidades pseudônimas como se fossem desenvolvedores independentes para criar uma rede de protocolos DeFi interligados que multiplicaram bilhões de dólares em valores duplicados no ecossistema do protocolo.

“Eu criei um esquema para maximizar o TVL da Solana”, escreveu Macalinao, no trecho de um diário on-line jamais publicado a que a reportagem teve acesso. “Eu construía protocolos que se empilhassem uns sobre os outros, de modo que um dólar pudesse ser contabilizado várias vezes”, explicou o desenvolvedor.

Almejando criar praticamente sozinho um ecossistema DeFi para a Solana que se equiparasse ao da líder Ethereum, Macalinao criou os 11 pseudônimos para criar uma fachada de autenticidade às finanças descentralizadas da rede emergente. “Eu queria dar a entender que muitas pessoas estavam desenvolvendo nossos protocolos, em vez de criar mais de 20 programas diferentes como uma única pessoa”, escreveu.

A artimanha inflou artificialmente o TVL da Solana às vésperas do topo histórico de 2022, criando a impressão de que o ecossistema da DeFi da rede seria mais ativo e robusto do que realmente era, pois o valor total bloqueado costuma ser o parâmetro preferencial para medir o nível da atividade on-chain de protocolos de finanças descentralizadas.

Um ataque hacker de US$ 52 milhões à stablecoin algorítmica Cashio Dollar (CASH), também desenvolvida por Macalinao, em 23 de março deste ano, marcou a derrocada do ecossistema forjado por um homem só. Imediatamente após o ataque, o token foi a zero, deixando muitos dos usuários do protocolo no prejuízo.

Àquela altura o TVL da Solana já estava em amplo declínio após as máximas de novembro, então é difícil precisar até que ponto o fracasso de Macalinao contribuiu para a retração.

Novos parâmetros para contabilização do TVL

O fato é que após essa revelação, a plataforma de monitoramento de dados on-chain DeFi Llama decidiu alterar a forma de contabilizar o valor total bloqueado em protocolos DeFi para evitar a contabilização artificial dos fundos depositados.

A alteração nos parâmetros foi anunciada no dia 5, portanto não há como realizar a comparação da evolução do valor total bloqueado em protocolos DeFi nesta semana em comparação com os números apresentados pelo Cointelegraph Brasil na semana passada.

Com base nas novas métricas do DeFi Llama, nos últimos sete dias o Valor Total Bloqueado nos protocolos DeFi teve uma variação positiva de 3%, subindo de US$ 64,9 bilhões para US$ 66,9 bilhões – portanto muito abaixo dos US$ 106,6 bilhões contabilizados em 2 de julho.

Justamente a Solana acumulou as maiores perdas, com uma variação negativa do TVL de 8%, seguida por Fantom (FTM), com 5,7%, Avalanche (AVAX), com 2,8%, e Tron (TRX), com 0,8%. Ethereum e Polygon (MATIC) mantiveram seus TVL em estabilidade, enquanto a BNB Chain (BSC) registrou alta de 5%.

O maior destaque da semana coube à solução de camada 2 da Ethereum, Optimism (OP), cujo TVL mais do que dobrou, tendo crescido 101% e ultrapassado a marca de US$ 1 bilhão.

Já a capitalização de mercado dos tokens de finanças descentralizadas cresceu 6,3%, subindo de US$ 45,5 bilhões em 2 de agosto para US$ 50,5 bilhões em 9 de agosto. Os tokens que apresentaram maior valorização foram o BoringDAO (BOR), Anyswap (ANY) e Liquity (LQTY).

BoringDAO (BOR)

O BoringDAO é um protocolo de pontes cross-chain descentralizadas que permitem aos usuários transferir de forma segura Bitcoin (BTC) e outros ativos digitais entre diferentes blockchains, maximizando suas utilidades e aplicações em diversos ecossistemas DeFi.

No momento ele é capaz de conectar 15 redes blockchains, incluindo as principais plataformas de contratos inteligentes, como Ethereum, BNB, Avalanche e Fantom, entre outras. Mas o grande diferencial do BoringDAO é que ele permite a integração do Bitcoin, do Litecoin (LTC) e do Dogecoin (DOGE) a instrumentos de finanças descentralizadas. 

Através de uma solução de segunda camada e de uma plataforma intitulada Bitcoin Finance, a maior criptomoeda do mercado pode ser utilizada como colateral para que usuários tomem empréstimos ou realizem operações de yield farming, por exemplo.

A segurança é outro ponto alto do BoringDAO. Os desenvolvedores garantem que o bBTC é o token sintético do Bitcoin mais seguro do mercado.

Recentemente, o BoringDAO implementou uma solução intitulada oPortal, que permite a transferência de ativos entre diferentes redes de forma rápida e econômica.

Em 3 de junho uma votação aprovou uma proposta de governança para reajustar as recompensas das opções de farming aos detentores do BOR, com o objetivo de reduzir a emissão do token, diminuindo ao longo do tempo o suprimento em circulação.

Assim, foi aprovada uma leve redução nas recompensas de farming, diminuindo um pouco o APR (taxa de rendimento anual). Apesar da redução, a decisão é vista como benéfica para os detentores do BOR, uma vez que a redução da oferta tende a provocar automaticamente um estímulo na demanda.

O BOR acumula uma valorização de 88% nos últimos sete dias, saltando de US$ 100,36 em 2 de agosto para US$ 188,21 na tarde desta terça-feira, 9, de acordo com dados do CoinGecko. Atualmente, a capitalização de mercado do BoringDAO é de US$ 35,6 milhões, e ele ocupa o 416º lugar no ranking de criptomoedas.

Desempenho semanal do BOR. Fonte: CoinGecko

Anyswap (ANY)

O Anyswap é um protocolo de swap cross-chain descentralizado, baseado na tecnologia Fusion DCRM, com sistema automatizado de precificação de ativos e de fornecimento de liquidez. O Anyswap permite a transferência e o intercâmbio de criptoativos de plataformas heterogêneas de primeira e segunda camadas, incluindo Bitcoin, Ethereum, Avalanche, Fantom, BNB Chain, entre outros.

O Anyswap é suportado pela Fusion Network, que utiliza em suas transações um processo conhecido como fragmentação de chave privada — no qual a chave privada é dividida em vários bits e gerenciada por vários nós da rede para garantir que os ativos transacionados estejam seguros e mantidos em privacidade.

As diferentes partes da chave privada nunca são combinadas durante as transferências ou negociações para aumentar a segurança.

No início deste ano, o protocolo já suportava 24 redes e 997 tokens e as adesões continuam aumentando de forma recorrente, atraindo mais capital, liquidez e usuários para o protocolo.

Recentemente o Anyswap foi rebatizado como Multichain e nos últimos dias o volume de negociação do protocolo tem registrado um crescimento significativo. Apenas nos últimos sete dias, houve um aumento de 51,3%, conforme destacado pela equipe de desenvovlvedores em uma postagem publica no Twitter nesta terça-feira, 9.

Dados frescos!
O volume de negociação cross-chain no #Multichain continuou crescendo nas últimas três semanas

19 de julho – 25 de julho US$ 289M
26 de julho – 1º de agosto US$ 310M +7,16%
2 de agosto – 8 de agosto US$ 470M +51,37%

Vamos especular sobre os próximos números

— Multichain (Previously Anyswap) (@MultichainOrg)

Além disso, recentemente a Multichain lançou a MultichainDAO para gerir o protocolo. Em função dos últimos desdobramentos, nos últimos sete dias o ANY subiu 38,4% de US$ 4,54 em 2 de agosto para US$ 6,34 e na tarde desta terça-feira, de acordo com dados do CoinGecko. A capitalização de mercado do token é de US$ 118,5 milhões e ele ocupa a 247ª posição no ranking de criptomoedas.

Desempenho semanal do ANY. Fonte: CoinGecko

Liquity (LQTY)

O Liquity é um protocolo de empréstimos descentralizado que permite aos seus usuários obter empréstimos sem juros utilizando Ether como garantia. Os empréstimos são pagos em LUSD (outra stablecoin atrelada ao dólar) e precisam manter uma taxa de colateralização mínima de 110%.

O mecanismo de manutenção da paridade com o dólar do LUSD combina recursos do DAI e do finado USTC. Além dos ativos empenhados como colateral, os empréstimos são garantidos por um Pool de Estabilidade baseado no LUSD e por mutuários que atuam coletivamente como garantidores de último recurso.

Além disso, o LUSD é resgatável pelos ativos colaterais subjacentes a qualquer momento, sem período de carência. Por exemplo, é possível trocar LUSD por ETH pelo valor nominal, como se 1 LUSD valesse exatamente US$$ 1. Ou seja, por 10 LUSD o usuário recebe exatamente US$ 10 em ETH em troca.

O objetivo fundamental do Liquity é oferecer liquidez como um protocolo não custodial, imutável e sem governança. Portanto, trata-se de um protocolo de empréstimos verdadeiramente descentralizado. O LUSD não utiliza ativos centralizados como colateral e tem um suprimento limitado determinado pelos desenvolvedores, e estas são suas principais vantagens em relação ao DAI.

O LQTY disparou na tarde de ontem depois que o Tesouro dos EUA, através do OFAC (Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros), congelou mais de 40 endereços que somam aproximamente US$ 440 milhões em USDC e Ether conectados ao mixer Tornado Cash (TORN), colocando cidadãos residentes dos EUA vinculados a estes endereços em sua lista de Cidadãos Especialmente Designados. 

Diante dos últimos desdobramentos, o LQTY valorizou 26% nos últimos sete dias e nas últimas 24 horas seu volume de negociação cresceu mais de 1.000%. Em 2 de agosto, o token estava cotado a US$ 0,90, e nesta terça-feira, 9, está trocando de mãos a US$ 1,15, de acordo com dados do CoinGecko. O LUSD, por sua vez, está sendo negociado com um prêmio de 4% no mercado à vista, também de acordo com dados do CoinGecko.

Atualmente, a capitalização de mercado do LQTY é de US$ 88,7 milhões e ele ocupa a 296ª posição no ranking de criptomoedas. 

Desempenho semanal do LQTY. Fonte: CoinGecko

LEIA MAIS

Você pode gostar...