3 tokens DeFi que subiram até 23% em mais uma semana de fortes perdas para o setor

Pela segunda semana consecutiva perdas de capital do setor DeFi ficaram na casa dos bilhões de dólares e poucos tokens registraram variação positiva de preço.

Em uma semana marcada pela liquidação das posições em FTM de uma baleia da Fantom, fazendo com que alguns investidores chegassem a temer pelo fim de uma das principais concorrentes do Ethereum (ETH), o setor DeFi registrou novas quedas do valor total bloqueado (TVL) em todos as principais redes que oferecem suporte a contratos inteligentes e da capitalização de mercado dos tokens de finanças descentralizadas.

Enquanto o valor total bloqueado em protocolos de finanças descentralizadas retrocedeu de US$ 268,4 para US$ 249,6 bilhões em uma semana – uma queda de 7%, de acordo com informações da plataforma de monitoramento de dados DeFi Llama –, a capitalização de mercado dos tokens DeFi caiu de US$ 116,3 bilhões para 107,2 bilhões no mesmo período. Uma desvalorização global de 7,7%, de acordo com dados do CoinGecko.

Todos os tokens das principais plataformas de contratos inteligentes registraram variações de preço negativas. Impactado pela liquidação das posições de uma das maiores baleias da rede, o Fantom liderou as perdas, acumulando perdas de 30%.

Em 29 de abril, uma postagem no Reddit chamou a atenção para um enorme empréstimo colateralizado pelo token nativo da Fantom que estava perigosamente prestes a ser liquidado. Uma baleia pseudônima intitulada ‘Roosh’ havia tomado um empréstimo de cerca de US$ 37 milhões em stablecoins usando 59 milhões unidades do FTM como garantia no Scream, um protocolo de empréstimos baseado na Fantom.

A postagem revelou ainda que a baleia havia utilizado o dinheiro tomado no empréstimo para comprar tokens SOLID e DEUS, que em seguida foram bloqueados por quatro anos e, portanto, tornaram-se ilíquidos. O autor da postagem no Reditt alertou que a liquidação poderia travar “toda a rede”.

Embora o cenário de devastação da rede não tenha se concretizado, as liquidações, em associação com o sentimento negativo do mercado, derrubaram o preço do FTM. O token nativo da Fantom está sendo negociado a US$ 0,75 no início da noite desta terça-feira. No acumulado dos últimos 30 dias, a desvalorização do FTM já chega a 50%. Os dados são do CoinGecko.

O estrago só não foi maior porque as liquidações no Scream são executadas parcialmente, assim os livros de ordens não precisam absorver toda a liquidez liberada através de uma única ordem. Até o momento, as 59 milhões de unidades do FTM oferecidas como garantia pela baleia foram reduzidas a 18 milhões após sucessivas liquidações.

Embora não tenham sido afetados por liquidações massivas, as desvalorizações de Avalanche (AVAX), Terra (LUNA) e Solana (SOL) ficaram na casa dos dois dígitos esta semana: 18,5%, 15,1% e 14,6%, respectivamente. Ethereum, a rede líder em TVL, registrou as menores perdas semanais – 7%.

O valor total bloqueado em protocolos DeFi também caiu em todas as seis principais redes do mercado nos últimos sete dias. Aqui, também, a Fantom liderou as perdas, com uma retração do TVL de 23,4%, seguida por Avalanche, com 12,1%, BNB (BSC), com 10,8%, Solana, com 8,8%, Terra, com 6,5% e por último a Ethereum, com 3,4%.

Por sua vez, os três tokens com melhor desempenho semanal foram Sifchain (ROWAN), Telos (TLOS) e Tornado Cash (Torn).

Sifchain (ROWAN)

A Sifchain pretende ser a primeira exchange descentralizada (DEX) multi-chain, integrando entre 20 e 25 redes blockchain diferentes, baseada na rede da Cosmos (ATOM). As blockchains atendidas pela Sifchain respondem pela maioria do volume de negociação do mercado de criptomoedas. Ou seja, toda a potencial liquidez das criptomoedas pode ser acessada on-chain através da Sifchain DEX.

Como uma exchange descentralizada, a Sifchain oferece aos investidores a possibilidade de realizarem negociações através de pools de liquidez ou de livros de pedidos, mas também funciona como um formador automático de mercado (AMM) para execução de ordens limitadas e swaps de tokens.

Os traders têm a opção de executar ordens limitadas que são executadas contra o pool de liquidez à medida que o preço de mercado flutua. A Sifchain também permite que os traders realizem negociações de margem, tomando empréstimos diretamente dos pool de liquidez.

A taxa de juros é definida com base na demanda do mercado e na oferta de liquidez. Por fim, os provedores de liquidez podem adicionar liquidez aos pools da Sifchain de forma simétrica, depositando o par negociado em um determinado pool, ou assimétrica, optando por utilizar apenas um dos tokens negociados. 

Por sua vez, o front-running, antecipando-se à colocação de ordens, é bloqueado por meio de um sistema de revelação de compromissos. A Sifchain permite a implantação coordenada de capital por DAOs (organizações autônomas descentralizadas) e simplifica o processo de integração de blockchains, reduzindo as barreiras de interoperabilidade entre diferentes comunidades de código aberto.

O token de governança da Sifchain é o ROWAN, mas ele também é utilizado para a liquidação das transações realizadas no protocolo, criando uma demanda permanente pelo token.

O mecanismo é parte da Protocol Monetary Trade Policy (PMTP), ou Política Monetária Comercial do Protocolo, em tradução livre. O objetivo da PMTP é aumentar o valor do ROWAN para que a comunidade seja incentivada a manté-lo, o que, em tese, aumentará a liquidez do ROWAN no longo prazo. Para atingir tal objetivo, a taxa de câmbio ROWAN é ajustada por pequenos incrementos no Sifchain.

À medida que o valor de mercado da ROWAN aumenta, os swaps realizados na DEX também geram mais valor ao token ao longo do tempo.

Assim, o ROWAN foi o token DeFi de melhor desempenho de mercado nos últimos sete dias, registrando uma alta de 23%. O token saiu de US$ 0,1303 em 27 de abril e subiu para US$ 0,1630 na no início da noite desta terça-feira, de acordo com dados do CoinGecko. A capitalização de mercado do ROWAN é de US$ 186,7 milhões, o que o posiciona na 256ª posição no ranking geral de criptomoedas.

Desempenho semanal do ROWAN. Fonte: CoinGecko

Telos (TLOS)

A Telos (TLOS) é uma blockchain rápida, escalável, ecologicamente eficiente, capaz de processar 10.000 transações por segundo a custos mínimos, e compatível com o Ethereum Virtual Machine (EVM). Portanto, é apta a rodar aplicativos descentralizados criados para a rede Ethereum.

Além disso, a blockchain da Telos oferece serviços on-chain para armazenamento de dados de forma descentralizada, sistemas de votação e localização. Hoje há mais de 100 aplicativos descentralizados disponíveis na rede da Telos, rodando em contratos inteligentes implementados para utilização de instrumentos DeFi, games, NFTs e mídias sociais.

Recentemente, a primeira exchange descentralizada do protocolo, a OmniDex entrou em operação, atraindo liquidez para o ecossistema, e os desenvolvedores da promoveram um hackaton com foco em produtos compatíveis com o EVM.

Janeiro foi marcado por novas parcerias e a eleição de um novo conselho de governança que prevê uma participação mais ativa da comunidade de detentores do TLOS.

Em 28 de abril, a Telos anunciou um programa de bolsas para desenvolvedores. Na segunda-feira, o TLOS foi listado na exchange Hotbit. E nesta terça-feira, os desenvolvedores anunciaram um airdrop para celebrar os 100.000 seguidores do protocolo no Twitter.

Com isso, o token nativo do protocolo valorizou 20% nos últimos sete dias, subindo de US$ 0,5668 para US$ 0,6854, de acordo com dados do CoinGecko. Sua capitalização de mercado é de US$ 179,8 milhões, o que coloca o TLOS na 264ª posição no ranking geral de criptomoedas.

Desempenho semanal do TLOS. Fonte: CoinGecko

Tornado Cash (TORN)

O Tornado Cash é uma privacy coin, um tipo de token utilizado para preservar a privacidade dos usuários envolvidos em uma determinada transação. O Tornado Cash promete dissociar os usuários dos fundos que eles mantém em suas carteiras digitais ocultos sob o token TORN.

A maximização da privacidade se dá pela quebra do link on-chain entre os endereços do remetente e do destinatário de uma determinada transação. O Tornado Cash usa um contrato inteligente que aceita depósitos em ETH e em tokens ERC-20. Esses depósitos podem ser sacados por qualquer endereço da rede. Sempre que um ativo é sacado através de um novo endereço, não há como vincular a retirada ao depósito.

O Tornado Cash usa provas de conhecimento zero (zero knowledge) para garantir a privacidade das transações. Quando um usuário decide fazer uma retirada, ele deve fornecer uma prova de que possui um segredo correspondente a uma das listas de depósitos do contrato inteligente. A tecnologia zk permite que essa prova seja verificada sem que o usuário precise revelar qual depósito corresponde ao seu segredo.

Então, o contrato inteligente verifica a prova e transfere os fundos depositados para o endereço especificado pelo sacador. Qualquer observador externo é incapaz de determinar a qual depósito esta retirada está vinculada.

O TORN é o token ERC-20 de governança do protocolo. Em fevereiro foi aprovada uma proposta para tornar o TORN mais lucrativo para os seus detentores. Ela prevê a aprovação da cobrança de taxas de 0,3% sobre todas as transações envolvendo o token para posterior redistribuição aos detentores do TORN que tomam parte ativa na governança do protocolo; foi aprovada também a alteração das regras de staking para aumentar o APY (percentual de rendimento anual), reforçar a demanda e impulsionar o crescimento do volume negociado de TORN.

Curiosamente, o recente aumento do TORN acontece em uma semana em que o token foi vinculado aos fundos desviados de dois dos ataques hackers mais proeminentes de 2022: o hack da Ronin e o hack do Fei Protocol em vários pools do protocolo Rari Finance.

No sábado, Alex Svanevik, CEO da plataforma de análise de dados on-chain Nansen, afirmou em uma postagem no Twitter que 15% dos fundos depositados no Tornado Cash eram oriundos do hack da ponte da Ronin.

No domingo, representantes da plataforma de auditoria de segurança de redes blockchain CertiK declararam ao Cointelegraph que o perpetrador do ataque aos pools da Rari Finance enviou 5400 ETH, ou aproximadamente US$ 15.299, para o Tornado Cash.

Há duas semanas atrás, os desenvolvedores do Tornado Cash anunciaram uma parceria com a empresa de análise de dados on-chain Chainalysis para sancionar criminosos que tentarem usar o TORN para ocultar atos ilícitos.

Em um primeiro momento, o governo canadense baixou a Lei de Emergências para congelar os recursos financeiros dos caminhoneiros que lideraram o movimento antivacina que abalou o país. As restrições econômicas foram estendidas para incluir também os simpatizantes do movimento que contribuíram com doações para suporte aos protestos.

O fato é que apesar das notícias não exatamente positivas envolvendo o Tornado Cash nos últimos dias, o TORN obteve uma valorização semanal de 11%, subindo de US$ 45,87 em 26 de abril para US$ 51,29 nesta terça-feira, de acordo com dados do CoinGecko. A capitalização de mercado do token é de US$ 81,5 milhões, soma que o coloca na 419ª posição no ranking geral de criptomoedas.

Desempenho semanal do TORN. Fonte: CoinGecko

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