3 tokens DeFi que valorizaram até 42% em uma semana de choque para o setor de finanças descentralizadas
Semana DeFi foi marcada pela renúncia de Andre Cronje, criador dos protocolos Yearn.finance, Keep3rv1 e Solidly, às finanças descentralizadas e à indústria de criptomoedas, causando desvalorizações maciças de tokens do setor.
A notícia caiu como uma bomba no último domingo: o arquiteto DeFi, consultor técnico da Fantom Foundation e fundador dos protocolos Yearn.finance (YFI), Keep3rv1 (K3PR) e Solidly (SOLID), Andre Cronje, silenciosamente saiu de cena, abandonando o espaço de finanças descentralizadas e a indústria de criptomodas.
A notícia foi transmitida à comunidade através de um comunicado no Twitter publicado por Anton Nell, um antigo colaborador de Cronje. Imediatamente disparou ondas de choque que derrubaram diversos tokens do setor. A deserção de Cronje acabou drenando consigo um montante considerável do valor total bloqueado em protocolos DeFi, especialmente capitais empenhados na Fantom (FTM), que hospedava o Solidly, seu mais recente projeto.
Andre and I have decided that we are closing the chapter of contibuting to the defi/crypto space.
There are around ~25 apps and services that we are terminating on 03 April 2022.
1/3— Anton Nell (@AntonNellCrypto) March 6, 2022
Andre e eu decidimos encerrar o capítulo de contribuição para o espaço defi/cripto.
Existem cerca de 25 aplicativos e serviços que encerraremos em 03 de abril de 2022.
— Anton Nell (@AntonNellCrypto)
Maior perdedor da semana, a Fantom acumulou perdas de 36% em seu TVL nos últimos sete dias. A equipe da Fantom (FTM) reagiu à notícia enfatizando que a rede “não é nem nunca foi uma equipe de um homem só.” Apesar disso, o preço do gás no Fantom subiu para mais de 10.000 gwei à medida que usuários corriam para reduzir suas exposição a tokens DeFi da rede – e não apenas aos ativos de protocolos associados a Cronje.
Solana (SOL), com 9,5%, Binance Smart Chain (BSC), com 5,8% e e Avalanche (AVAX), com 4,4%, também registraram mais saídas do que entradas de capital. Apenas o Terra (LUNA), agora consolidado na segunda posição do ranking DeFi por valor total bloqueado, registrou variação positiva. Ainda assim pequena: apenas 2,8%.
O líder Ethereum (ETH) registrou perdas de pouco mais de 1%, mas sua dominância segue caindo: seu TVL responde por 56% do total no momento. As informações são da plataforma de monitoramento de dados Defi Llama.
No âmbito geral, a variação do TVL também foi negativa. Em 2 de março, o valor total bloqueado em protocolos DeFi era de US$ 255,7 bilhões. No final da tarde desta feira, recuara para US$ 238,68, de acordo com o Defi Llama. Uma queda de 6,65% que não pode ser inteiramente atribuída a Andre Cronje.
A capitalização de mercado dos tokens DeFi perdeu US$ 15,5 bilhões nos últimos sete dias. Atualmente está em US$ 106,9 bilhões, de acordo com dados do CoinGecko.
Entre os tokens das principais plataformas de contratos inteligentes, todos amargaram perdas nesta semana. Aqui também a Fantom foi a maior perdedora, com variação negativa de 27%, seguida por Cardano (ADA), 17%, Solana, 15% Avalanche, 14%, Ethereum, 13% e Terra, 5%.
Os poucos destaques da semana ficaram por conta de Goldfinch (GFI), Wanchain (WAN) e Tornado Cash (TORN).
Goldfinch (GFI)
O Goldfinch é um protocolo de crédito descentralizado de empréstimos de criptomoedas sem necessidade de empenho de garantias sob a forma de ativos digitais.
Ao incorporar o princípio de “confiança por consenso” e usar diferentes tipos de garantias off-chain, o Goldfinch cria uma maneira de os tomadores de empréstimo afirmarem sua credibilidade sem necessidade de oferecer criptoativos como garantia.
O protocolo tem como foco facilitar operações de concessão de crédito em criptomoedas em mercados emergentes para fortalecer a inclusão financeira de pessoas excluídas do sistema financeiro tradicional. Atualmente, o protocolo já está ativo e operante, sendo utilizado por milhares de mutuários na Índia, no México, na Nigéria e em países do Sudeste Asiático.
A valorização do GFI esta semana foi impulsionada pela incorporação do token pela Anchorage Digital, uma empresa que oferece custódia de criptoativos para investidores institucionais. O anúncio foi feito em 2 de março e no dia seguinte o token disparou, chegando a atingir US$ 4,54.
No momento, o GFI está cotado a US$ 3,29 e acumula ganhos de 40% nos últimos sete dias. Sua capitalização de mercado é de US$ 186,2 milhões e o token ocupa a 268ª posição no ranking de criptomoedas, de acordo com dados do CoinGecko.
Desempenho semanal do GFI. Fonte: CoinGecko
Wanchain (WAN)
O Wanchain é um fork do Ethereum que permite transações cross-chain e garante a interoperabilidade entre redes diversas. Embora faça a conexão entre diferentes blockchains, o Wanchain também é uma blockchain autônoma.
O protocolo tem capacidade de processar aplicativos descentralizados por meio de contratos inteligentes. Exchanges descentralizadas (DEXs), plataformas de empréstimo, emissores de stablecoins, plataformas de crowdfunding, serviços de pagamentos e liquidações de diversas criptomoedas se incluem entre seus casos de uso. O protocolo atua como um livro-razão distribuído que processa e mantém registros de todas as transações que processa.
Ao contrário de outros sistemas cross-chain, a Wanchain não depende de uma plataforma de terceiros para autenticar transações. O sistema é totalmente descentralizada e não requer nenhum custodiante para gerenciar ou confirmar transações. O protcolo emprega computação multipartite e tecnologia de compartilhamento de segredo de limite para gerenciar contas e transações de forma autônoma.
Outros recursos atrativos da Wanchain são a velocidade o baixo custo das taxas de transação. Assim, é possível que o WAN tenha se beneficiado da fuga de capital da Fantom por usuários que preferiram migrar seus ativos para outras redes.
Além disso, o lançamento do ZooRacers em 4 de março, um projeto GameFi que oferece a possibilidade de utilização de NFTs para fazer farming, staking e gamificação de yield farming gerou pressão compradora sobre o WAN, contribuindo para sua recente valorização.
O token registrou ganhos de 42,3% nos últimos sete dias, subindo de US$ 0,3778 em 2 de março para US$ 0,534 nesta terça-feira, de acordo com dados do CoinGecko. O token atingiu uma capitalização de mercado de US$ 100,5 milhões e atualmente ocupa a 401ª posição no ranking de criptomoedas.
Desempenho semanal do WAN. Fonte: CoinGecko
Tornado Cash (TORN)
O Tornado Cash é uma privacy coin, um tipo de token utilizado para preservar a privacidade dos usuários envolvidos em uma determinada transação. Além disso, o Tornado Cash promete dissociar os usuários dos fundos que eles mantém em suas carteiras digitais sob o token TORN.
A maximização da privacidade se dá pela quebra do link on-chain entre os endereços do remetente e do destinatário de uma determinada transação. O Tornado Cash usa um contrato inteligente que aceita depósitos em ETH e em tokens ERC-20. Esses depósitos podem ser sacados por qualquer endereço da rede. Sempre que um ativo é sacado através de um novo endereço, não há como vincular a retirada ao depósito.
O Tornado Cash usa provas de conhecimento zero (zero knowledge) para garantir a privacidade das transações. Quando um usuário decide fazer uma retirada, ele deve fornecer uma prova de que possui um segredo correspondente a uma das listas de depósitos do contrato inteligente. A tecnologia zk permite que essa prova seja verificada sem que o usuário precise revelar qual depósito corresponde ao seu segredo.
Então, o contrato inteligente verifica a prova e transfere os fundos depositados para o endereço especificado pelo sacador. Qualquer observador externo é incapaz de determinar a qual depósito esta retirada está vinculada.
O TORN é o token ERC-20 de governança do protocolo. Na semana passada foi aprovada uma proposta para tornar o TORN mais lucrativo para os seus detentores. Ela prevê a aprovação da cobrança de taxas de 0,3% sobre todas as transações envolvendo o token para posterior redistribuição aos detentores do TORN que tomam parte ativa na governança do protocolo; foi aprovada também a alteração das regras de staking para aumentar o APY (percentual de rendimento anual), reforçar a demanda e impulsionar o crescimento do volume negociado de TORN.
Por fim, o crescimento da demanda pelo token surge em um momento de turbulências no cenário geopolítico global no qual sanções financeiras se tornaram a arma de guerra mais eficaz para combater inimigos externos e internos.
Em um primeiro momento, o governo canadense baixou a Lei de Emergências para congelar os recursos financeiros dos caminhoneiros que lideraram o movimento antivacina que abalou o país. As restrições econômicas foram estendidas para incluir também os simpatizantes do movimento que contribuíram com doações para suporte aos protestos.
A lei determina que bancos, exchanges de criptomoedas, cooperativas de crédito e companhias de seguros devem reportar-se ao governo para prestar informações que ajudem a debelar os protestos.
Moedas descentralizadas com foco na privacidade das partes envolvidas nas transações voltaram aos holofotes, já que o primeiro-ministro Justin Trudeau pediu ajuda a órgãos de inteligência internacionais para congelar endereços não custodiais de Bitcoin (BTC) e outras criptomoedas dos envolvidos nos protestos.
Na sequência, a invasão da Rússia à Ucrânia motivou a imposição de uma série de sanções econômicas ao país agressor com impacto direto à população.
Não se pode afirmar que o aumento da demanda pelo Tornado Cash tenha relação direta com o conflito do leste europeu, mas não há dúvidas de que moedas que preservam a privacidade dos usuários podem ser de grande utilidade em um contexto de severas restrições econômicas aos cidadãos comuns que têm seu acesso a bancos e instituições financeiras bloqueados. Prova disso é que outras privacy coins, como Monero (XMR) e Dash (DASH) também estão em alta nos últimos dias.
Nos últimos sete dias, o TORN valorizou-se em 34%, variando de US$ 38,07 em 2 de março para US$ 51,78 nesta terça-feira, de acordo com dados do CoinGecko. A capitalização de mercado do token atingiu US$ 121,7 milhões, soma que o coloca na 352ª posição no ranking de criptomoedas.
Desempenho semanal do TORN. Fonte: CoinGecko
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