US$ 2,2 bilhões em Bitcoin ‘jogados fora’: As lições de Martti Malmi, um dos maiores desenvolvedores de BTC da história

Martti Malmi seria bilionário se tivesse guardado seus 55.000 BTC, mas talvez a sua jornada – e a do Bitcoin – também fossem diferentes se ele tivesse escolhido seguir na comunidade cripto.

O finlandês Martti Malmi é um dos desenvolvedores de Bitcoin (BTC) mais importantes do mundo. Ele ganhou as manchetes no fim do ano passado ao contar como praticamente “jogou fora” cerca de 55.000 Bitcoins e poderia ser uma das maiores baleias bilionárias do mundo hoje.

No dia 18 de dezembro, Malmi escreveu:

Na época, Malmi se desfez de 55.000 BTC por, em média, US$ 5. Hoje, as moedas valeriam nada menos que US$ 2,2 bilhões

E-mail para Satoshi e desenvolvimento do Bitcoin

Em abril de 2009, Martti Malmi ficou sabendo de um pequeno projeto na Internet dedicado a desenvolver a primeira blockchain e a primeira criptomoeda: era o Bitcoin. Ele enviou um e-mail para Satoshi Nakamoto, o anônimo criador do projeto:

Gostaria de ajudar com o Bitcoin se houver algo que eu possa fazer.

Como um dos desenvolvedores do projeto, Malmi ajudou Satoshi Nakamoto a introduzir a versão 0.2 do Bitcoin, com as mudanças mais importantes desde o início de seu desenvolvimento.

Ele também ajudou a aprimorar as primeiras versões do software Bitcoin melhores, tornando um dos primeiros mineradores de Bitcoin a ser reconhecido publicamente. Foi neste período, entre 2009 e 2011, que ele extraiu mais de 50 mil Bitcoins usando seu laptop.

Em sua primeira transação, em 12 de outubro de 2009, ele vendeu 5.050 BTC por um total de US$ 5,02. Foi a primeira transação da história entre Bitcoin e uma moeda fiduciária, abrindo portas para o desenvolvimento de milhares de exchanges de Bitcoin, a primeira delas, com contribuição de Malmi, sendo a bitcoinexchange.com.

Obviamente que a distância temporal é quase irrelevante nesse caso, já que o Bitcoin não se tornaria o que é hoje se não fosse por Malmi, mas em valores atuais essa transação valeria: US$ 183.890.065.

Em 2011, quando o Bitcoin chegou a US$ 30, Malmi vendeu 10.000 BTC e conseguiu comprar um apartamento-estúdio perto de Helsinki, na Polônia:

Apesar da empolgação dos primeiros anos, Malmi foi se distanciando da comunidade – assim como Satoshi – até abandonar de vez o Bitcoin em 2012. Ele explica:

“Achei que a atmosfera estava ficando menos inspiradora e excitante do que nos primeiros dias, quando o potencial do Bitcoin ainda não havia sido desenvolvido. Por outro lado, a essa altura, o Bitcoin já tinha muitos programadores treinados que o manteriam funcionando.”

Malmi foi se desfazendo de suas moedas, mas não abandonou os princípios que o levaram ao projeto do Bitcoin. Em 2013, ele lançou um projeto chamado Identifi, um sistema descentralizado para identidades digitais. Depois, contribuiu para a criação do Iris, um sistema de comunicação descentralizado, com criptografia de ponta a ponta e capacidade multiplataforma, entre outros trabalhos envolvendo criptografia, tecnologias disruptivas e – principalmente – descentralização.

Lições de um ex-Bitcoiner

Apesar de ter deixado a comunidade cripto, ele nunca perdeu o Bitcoin de vista, considerando a criptomoeda “o modo mais conveniente para pagamentos online”.

Em 2012, Malmi precisou de dinheiro e teve de liquidar todos os seus Bitcoins a apenas US$ 5 por moeda. Em um dos tweets, ele diz que “estava feliz com os pequenos ganhos que ganhou” e compartilhou algumas lições de sua jornada, destacadas pelo portal Entrepeneur’s Handbook.

A primeira é que os valores estão sempre mudando. Dólares e Bitcoins são moedas que representam determinado valor. A “falta de sorte” de Malmi pode estar nos revelando que os valores do mundo digital (BTC) estão começando a superar os valores do mundo material (USD).

A segunda é que dinheiro sempre é importante, que mais é sempre que menos e que ter dinheiro te dá poder político – menor dependência dos outros, maior influência na sociedade – e liberdade. Parece óbvio, mas para muita gente não é.

A terceira lição de Malmi é que “você não previsa ser rico para ter uma vida boa”. Parece contraditório, mas não é. A busca desenfreada por dinheiro pode deixar outras coisas importantes, como a vida real, em segundo plano. Nossa vida, como o suprimento do Bitcoin, é finita: precisamos aproveitá-la enquanto é tempo.

A quarta e penúltima lição: poupe dinheiro, proteja seus fundos. Quando Malmi perdeu seu emprego em 2012, ele tinha 10.000 BTC, ou US$ 400 milhões hoje, e vendeu tudo. Só essa equação já nos leva a perguntar: e se ele tivesse guardado um pouco? Jamais saberemos a resposta.

E a última lição aprendida por ele é a de que “investimentos estão sujeitos a erros” e temos que aprender com eles. É, no fundo, do que se trata toda a lista de Martti Malmi sobre sua jornada com o Bitcoin: certamente ele aprendeu com seus erros e acertos. Talvez, hoje, se pudesse tomaria outras decisões, mas elas também seriam definitivas para o que aconteceria com ele depois – e talvez até para a história do Bitcoin nos anos seguintes.

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