2020 foi um bom ano para as criptomoedas e os próximos serão ainda melhores
De investidores institucionais ao boom de finanças descentralizadas (DeFi) e CBDCs, 2020 trouxe grandes surpresas para a indústria de criptomoedas.
Nem é preciso dizer que 2020 foi um ano cheio de acontecimentos. De uma pandemia a quedas no mercado de ações, a uma turbulência econômica global e uma revolução digital, o mundo passou por grandes mudanças este ano. E isso também é verdade para a indústria de criptomoedas, que prosperou em 2020, apresentando novas e estimulantes tendências de mercado.
A ascensão das CBDCs
Nos últimos anos, havia apenas rumores sobre as moedas digitais do banco central (CBDCs). Emitido e controlado pelo estado, uma CBDC refere-se à versão digital da moeda nacional que tem potencial para substituir o dinheiro impresso.
No entanto, em 2020, vimos um rápido desenvolvimento nas atividades de pesquisa neste campo, com vários governos entrando em uma corrida acirrada entre si para desenvolver seus CBDCs. Na verdade, as Bahamas já lançaram seu Sand Dollar, em outubro.
Ao mesmo tempo, entre as principais economias do mundo, a China tem liderado o desenvolvimento de uma criptomoeda emitida pelo estado, lançando pilotos e preparando um projeto de lei para seu projeto de yuan digital.
Espera-se que o projeto e-krona da Suécia conclua seu teste em fevereiro de 2021, com o governo lançando uma revisão formal sobre a potencial transição da nação sem dinheiro para um ativo digital apoiado pelo estado. Os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Europeia ainda estão no estágio inicial de desenvolvimento da CBDC.
Dados os benefícios dos ativos digitais e da tecnologia de blockchain, não é surpreendente ver tantos governos explorando CBDCs para tornar suas economias mais eficientes.
Com a mudança impulsionada pelo coronavírus para os pagamentos digitais, uma criptomoeda emitida pelo estado se tornou ainda mais importante para os bancos centrais atenderem à crescente demanda e criarem um sistema financeiro onde tenham controle sobre as transações eletrônicas.
Acredito que em 2021 e nos anos seguintes, o desenvolvimento de CBDC irá acelerar ainda mais, com mais testes de moeda digital estatal ocorrendo e grandes economias, como a China, lançando suas criptomoedas controladas pelo Estado.
Recorde de Investimentos institucionais em bitcoin
Podemos concluir com segurança que 2020 foi o ano no qual os investimentos institucionais chegaram às criptomoedas. Em agosto e setembro, a empresa de inteligência de negócios de capital aberto MicroStrategy chegou às manchetes ao comprar US$ 425 milhões em bitcoin (BTC).
Desde então, a empresa aumentou suas participações em bitcoins com uma compra de US$ 50 milhões, já que a empresa busca levantar quase US$ 550 milhões para futuros investimentos em criptomoedas.
Além da MicroStrategy, players corporativos como Square, Galaxy Digital e a seguradora MassMutual têm investido cada vez mais em criptomoedas este ano. Os fundos de investimentos em ativos digitais da Grayscale bateu recorde de investimentos em criptomoedas em três trimestres consecutivos de 2020.
De acordo com o Bitcoin Treasuries, os investidores institucionais estão detendo quase 890.000 BTC, o que é mais de 4% do fornecimento total de BTC em circulação. Mas qual é a razão por trás desse aumento repentino e massivo no interesse institucional pelo bitcoin?
Ativos seguros no mercado geral, como títulos do governo de alta qualidade e contas de poupança, oferecem retornos limitados aos investidores apenas para serem consumidos pela inflação. Como resultado, os investidores institucionais estão procurando investimentos alternativos para atender às expectativas de seus acionistas. Da mesma forma que o ouro, o bitcoin funciona como um ativo porto seguro, com um potencial de crescimento significativamente maior.
Levando isso em consideração, a baixa volatilidade recorde do BTC e o amadurecimento da indústria de criptomoeda, investidores institucionais e empresas agora veem o potencial do bitcoin para aumentar seus retornos, enquanto se protegem contra os riscos do mercado geral.
A menos que algo drástico aconteça, acredito que mais grandes empresas e investidores institucionais seguirão os passos da MicroStrategy para aumentar seus investimentos em bitcoin em 2021.
O preço do Bitcoin atinge um novo recorde histórico
2020 é um ano excepcional para a indústria de criptomoedas, e já podemos ver seus efeitos positivos no preço do bitcoin.
Desde a mania da oferta inicial de moedas (ICO) em 2017, o bitcoin não tinha sido capaz de ultrapassar seu máximo histórico por muito tempo, especialmente se levarmos em conta o devastador mercado em baixa de 2018.
Mas o preço do BTC atingiu um novo recorde histórico de US$ 19.835 em 30 de novembro, superando seu recorde anterior de US$ 19.783 que foi estabelecido em 18 de dezembro de 2017. O desempenho do Bitcoin em 2020 se torna ainda mais interessante quando olhamos como a criptomoeda começou o ano.
Enquanto o preço do BTC subiu de US$ 7.193 para US$ 10.401 em fevereiro, o crash do mercado de ações, alimentado pelo coronavírus, baixou o preço do ativo digital para US$ 4.845 em março.
No entanto, o bitcoin se recuperou rapidamente e teve uma significativa alta desde então, atingindo uma alta de US$ 28.377, em 27 de dezembro. Em 28 de dezembro, o BTC já registrava um aumento de 280% desde o início do ano. Para efeito de comparação, o ouro conseguiu aumentar seu valor em 21,85% durante o mesmo período.
Embora parte desse aumento possa ser atribuído ao halving do bitcoin em 2020 – em que o fornecimento de BTC recém minerado foi cortado pela metade – muito do sucesso do bitcoin este ano vem do aumento dos investimentos, especialmente entre investidores institucionais, e do desenvolvimento orgânico da indústria cripto.
Regulações cripto mais eficazes
Em 2017, o setor de criptomoedas era bastante desregulamentado, o que permitiu que o número então crescente de projetos fraudulentos e cibercriminosos se espalhassem pelo espaço sem arriscar muito.
Além disso, várias empresas de ativos digitais aproveitaram a regulação limitada para lançar ICOs, levantando uma quantidade recorde de fundos com apenas um conceito ou um produto semiacabado.
Como resultado, a especulação, o medo de estar perdendo algo (FOMO) e o hype, estavam levando os preços dos ativos digitais a níveis históricos em 2017, até que quebraram durante o inverno cripto de 2018.
O estado do mercado de criptomoedas e os movimentos de preços naquela época podem servir como um excelente estudo de caso para mostrar a importância da regulação do setor. Para proteger os investidores e evitar esse cenário infeliz no futuro, os reguladores aumentaram o interesse na indústria de criptomoedas após o final de 2017 e início de 2018.
Desde então, várias jurisdições criaram estruturas regulatórias viáveis em torno das criptomoedas. A regulação ajuda a construir confiança, proteger os participantes do mercado e incentivar projetos de ativos digitais a inovar. Ao mesmo tempo, também aumenta a responsabilidade das empresas.
Embora algumas das estruturas existentes certamente precisem de melhorias — considere, por exemplo, a questão da categorização inconsistente de ativos digitais em várias jurisdições — espero que os mercados de maior porte do mundo regulem as criptomoedas, especialmente em termos de armazenamento e transferência de ativos, até o segundo trimestre de 2021 .
O boom do DeFi
Embora o financiamento descentralizado (DeFi) não tenha sido fundado em 2020, este ano viu o maior crescimento do setor.
De acordo com as estatísticas do DeFi Pulse, o valor total bloqueado em soluções financeiras descentralizadas aumentou de US$ 675 milhões em 1º de janeiro, para US$ 15,08 bilhões em 16 de dezembro. Dessa forma, isso representa um crescimento maciço de 2.134%.
A razão pela qual o DeFi vem crescendo exponencialmente está em sua capacidade de criar uma forma alternativa, mais aberta, transparente e democrática para que investidores acessem produtos e serviços financeiros, evitando o envolvimento de papéis ou a mediação de terceiros.
Como uma alternativa para rendimentos baixos ou mesmo negativos de contas de poupança e títulos, os usuários do DeFi podem fornecer liquidez, apostar em moedas ou emprestar criptomoeda a terceiros, com riscos limitados, enquanto ganham juros decentes sobre seus ativos digitais.
Novamente, algumas outras atividades, como o farm de rendimentos, permitem que os investidores com maior apetite pelo risco aumentem seu ROI potencial.
Curiosamente, clientes institucionais e corporativos estão cada vez mais se juntando a investidores de varejo na indústria DeFi.
Como resultado, espero que o espaço financeiro descentralizado cresça ainda mais em 2021 e se torne um mercado mais eficiente, enquanto os investidores institucionais continuam chegando e a tecnologia amadurecendo.
2020: um dos melhores anos para as criptomoedas
Desde o rápido desenvolvimento de CBDCs e criação de estruturas regulatórias eficazes ao crescimento do bitcoin, investimentos institucionais e DeFi, muitas coisas aconteceram na indústria de ativos digitais em 2020.
Apesar da atual turbulência econômica global, as criptomoedas tiveram um dos melhores anos em seus quase 12 anos de história. Ao mesmo tempo, à medida que as criptomoedas continuam a amadurecer e as regulações eficazes estão sendo implementadas, acho que 2021 e os anos suguintes s serão ainda melhores.
NOTA: As opiniões expressas aqui são as do autor e não representam ou refletem necessariamente as opiniões do BeInCrypto.
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